Neo-Expressionismo

on 21 agosto, 2012



Adelaide, de Anselm Kiefer


Adieus, 1960, Georg Baselitz


(Painting in a Snow Storm)," by Julian Schnabel,



Portrait, Jean-Michel Basquiat

Neo-Expressionismo


No final da década de 1970, vários artistas já estavam cansados da frieza emocional da arte abstrata geométrica, do Minimalismo e da Arte Conceitual. Também estavam desencantados com o novo estado de espírito do mundo artístico, segundo o qual qualquer coisa podia ser arte. Então, retornaram à pintura, e passaram a pintar com grande emoção, se expressando por meio de desenhos bastante crus feitos com tintas coloridas, quase sempre em telas de grandes formatos. Por compartilhar alguns aspectos do Expressionismo alemão do início do século XX, esses artistas foram chamados de neo-expressionistas. Uma influência fundamental para os neo-expressionistas foi o artista inglês Francis Bacon. Desde os anos 1940, ele pintava com materiais tradicionais (óleo sobre tela), mas seus temas eram extremamente carregados de emoção. Ele pintava figuras monstruosas muitas vezes com repulsivas expressões de angústia ou de raiva.

O Neo-Expressionismo trouxe de volta traços que haviam desaparecido, como o conteúdo reconhecível, a referência histórica, a subjetividade e a crítica social. Ressuscitou a imagem, a pintura de cavalete, a escultura entalhada e moldada e a pincelada violenta, personalizada. Entre os neo-expressionistas, o grupo alemão é o mais conhecido. Eles foram chamados por alguns de Neus Wildens (As Novas Feras, como os fauvistas). A figura de proa do Neo-Expressionismo foi Joseph Beuys. Professor e artista, ele ensinou uma geração de jovens alemães a reexaminar sua história sem ilusões. Beuys era um radical na arte como na política. Foi também um artista performático e montou espetáculos irracionais, como a conversa com um coelho morto. Tal como o milagre econômico alemão no pós-guerra, Beuys reenergizou a arte alemã.

Georg Baselitz tornou-se conhecido por pintar figuras de cabeça para baixo, a fim de tornar as pinturas abstratas e menos reconhecíveis. Baselitz abordou a Segunda Guerra Mundial e suas conseqüências. Nos anos 1960, pintava pilotos arrogantes e pés rosados gangrenosos. Quando criança testemunhou o bombardeio de Dresden, em 1945, o que inspirou um trabalho importante, “45”. Essa obra consiste em vinte quadros grandes, em madeira, de rostos de mulheres de cabeça para baixo. Transcedendo o efeito cômico, aparece a madeira violentamente marcada, em que imagens atacadas com cinzel, serra elétrica e plaina parecem estar sob fogo cerrado. Também produziu esculturas de figuras talhadas com serra elétrica em troncos de árvores, mas essas não estão de cabeça para baixo.

Anselm Kiefer se tornou a estrela dos anos oitenta graças à sua preferência pela arte narrativa. O tema tratado por ele provoca forte reação a história da Alemanha e dos judeus desde os tempos antigos até o holocausto. Kiefer representa o seu tema central –a terra calcinada – com tinta espessa, escura, misturada com areia e palha. Desde cedo ele mostrou sua fascinação pelas atrocidades nazistas. Pintou telas enormes e sombrias, que convidam à reflexão, quase sempre imagens trágicas que lembram momentos tormentosos da história da Alemanha, principalmente seu passado nazista.

Julian Schnabel, como os outros neo-expressionistas, acrescentou à pintura outros materiais, como trapo ou pratos quebrados, a fim de criar uma superfície mais expressiva. O efeito é muitas vezes perturbador. Francesco Clemente, outro artista europeu a utilizar as mesmas técnicas com diversidades (aquarela, pastel, afresco, óleo), retrata estados alucinatórios, pesadelos, mediante imagens de partes fragmentadas do corpo. Seus retratos revelam mais que o corpo humano nu. Sugerem fantasias e necessidades reprimidas que tanto repugnam quanto fascinam. Seus rostos são sempre distorcidos pela tensão psíquica, à la Munch, e apresentados em cores não-naturais.
Jean-Michel Basquiat (1960-88) morreu de overdose aos 28 anos. Pintor autodidata fugido da Scola, Basquiat deixou sua primeira marca por volta de 1980, pichando slogans nos muros no centro de Nova York. Suas telas frenéticas, atulhadas de caracteres típicos do graffiti e das figuras dos quadrinhos, fizeram dele um superstar do Neo-Expressionismo. Trabalhou com seu amigo e mentor Andy Wahrol, antes da morte de Wahrol, em 1987. Sua ágil arte de rua transmite a violenta energia e a movimentada espontaneidade do ritmo rap. Com seu ritmo acelerado e seu estilo de vida autodestrutivo, Basquiat teve os 15 minutos de fama previstos pó Wahrol, tornando-se lenda e vítima da cena artística dos anos oitenta.

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