Hiper-realismo - As obras extremamente detalhadas da pintura e da escultura hiper-realista têm raízes no fotorrealismo, um movimento que surgiu no fim da década de 1960, nos Estados Unidos. O termo usado para descrever a arte que parece tão realista quanto a fotografia e que geralmente usa fotografias como fonte primária. O pintor americano Denis Peterson (nascido em 1944) diferencia o hiper-realismo do fotorrealismo argumentando que, no hiper-realismo, uma imagem visual é usada para recriar uma imagem fotorrealista que é quase mais realista do que sua fonte fotográfica, ao passo que o fotorrealismo apenas simula a fotografia. Artistas hiper-realistas fazem alterações meticulosas na profundidade de campo, na cor e na composição das obras, a fim de enfatizar uma mensagem de consciência social a respeito de aspectos da cultura e da política contemporâneas.
Os primeiros artistas a criarem obras hiper-realistas foram americanos, e entre eles estavam os pintores Peterson, Richard Estes (nascido em 1936), Audrey Flack (nascida em 1931) e Chuck Close (nascido em 1940). A criação de suas obras vultuosas envolvia meses de insuportável esforço. A obra Trem D, de Estes, é típica do hiper-realismo por retratar a cidade como uma paisagem misteriosa e geométrica, caracterizada por vidros altamente reflexivos e superfícies de aço. Na Europa, entre os pintores hiper-realistas está o austríaco Gottfried Helnwein (nascido em 1948). Ele usou a técnica hiper-realista pela primeira vez para retratar o sofrimento extremo. Suas obras posteriores abordam o tema do nazismo e do Holocausto, principalmente em sua série Epifania (1996-1998). Em Epifania (A adoração dos magos), oficiais da SS com uma mãe e uma criança representam os magos, a Virgem Maria e Jesus, com o bebê sendo admirado como um exemplo da perfeição ariana.
O hiper-realismo não se restringe à pintura. Escultores americanos como Duane Hanson (1925-1996) também criaram esculturas hiper-realistas em tamanho natural. Hanson focava em obras figurativas, geralmente representando pessoas comuns da classe média americana. Queenie II retrata uma mulher afro-americana obesa vestida como faxineira e empurrando seu carrinho de limpeza a escultura tem uma forte presença física que lembra o espectador que os trabalhadores mal remunerados são, em geral, “invisíveis” para a sociedade. Hanson faz os moldes usando modelos e depois cria suas esculturas com resina de fibra de vidro ou bronze, decorando-as com roupas e outros acessórios. Vista in loco, à primeira vista as esculturas parecem pessoas reais. O escultor americano Robert Gober (nascido em 1954) começou suas esculturas hiper-realistas no início da década de 1980, e suas obras feitas à mão também parecem realistas. Diferentemente das imagens humanas de Hanson, contudo, as esculturas de Gober são de objetos domésticos, como urinóis e pias, que chamam a atenção do espectador para a intimidade da higiene pessoal e da noção de desperdício.
O escultor australiano Ron Mueck (nascido em 1958) é provavelmente o mais famoso escultor hiper-realista do século XXI. Ele se destacou com a obra Pai Morto (1996-1997), uma representação diminuta de seu pai morto, nu e deitado de costas, exibida na Royal Academy de Londres em 1997. Mueck cria esculturas figurativas com fibra de vidro, resina e silicone. Suas obras são geralmente nus com incríveis detalhes –unhas amareladas do pé, barba por fazer e pelos no corpo. Mueck brinca com a idéia de escala, em contraste com a pequenez de Pai Morto, a obra Mulher Grávida (2002) é uma escultura enorme de uma mulher nua com as mãos sobre a cabeça. Mueck aborda a idéia clássica da perfeição do corpo, mostrando a fragilidade da forma humana.
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