Abdias do Nascimento

on 17 outubro, 2012



ÁFRICA-BRASIL, ANCESTRALIDADE E EXPRESSÕES CONTEMPORÂNEAS em Abdias do Nascimento

O homem Abdias do Nascimento tinha um orgulho dito em vida: o de nunca fraquejar diante do racismo, o de arrombar portas e bater no peito para denunciar a dor de ser discriminado pela cor da pele. O menino de infância adocicada pelo cheiro vindo do tacho da mãe cozinheira e pela suavidade dos acordes do violão tocado pelo pai operário gritou quando a violência racial lhe deu as primeiras rasteiras.

— Era tanta mágoa, tanto desapreço. Eram tantas palavras malditas ditas contra o negro, lamentava

É, sem dúvida, o maior símbolo da negritude no Brasil, sobretudo por associar as ações políticas à arte. Foi ele quem idealizou, fundou e dirigiu o Teatro Experimental do Negro (TEN), em 1944, atuando diretamente na modernização dos palcos nacionais ao colocar a problemática dos afrodescendentes no palco.

A coerência na carreira artística e política fez de Abdias do Nascimento um nome incontestável no Brasil e no exterior

O Teatro Negro Experimental surgiu em diálogo com Os Comediantes, companhia que montou Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, em 1943, colocando o Brasil par a par com as inovações das artes cênicas. Abdias do Nascimento foi a público convocar negros e negras para atuarem nos palcos. Vieram operários, dançarinos de gafieira, sambistas do morro, empregadas domésticas e passistas das escolas de samba. Juntos, ocuparam instalações da UNE, foram alfabetizados, politizados e receberam aulas de interpretação.

Abdias organizava ações sociais, como a Beleza Negra e o Concurso de Artes Plásticas, com o tema Cristo negro. Estava por trás de uma série de convenções, congresso e semanas para discutir a situação do negro no país. Editou o jornal Quilombo. (Sérgio Maggio)

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