POP ART

on 07 junho, 2012


                                                                        
                                                                                           Roy Lichtenstein
                 
                                                                  Jimmi Hendrix, Andy Warhol


Pop Art, movimento que usava figuras e ícones populares como tema de suas pinturas. Com o objetivo da crítica irônica ao bombardeamento da sociedade capitalista pelos objetos de consumo da época, ela operava com signos estéticos de cores inusitadas massificados pela publicidade e pelo consumo, usando como materiais principais gesso, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, fluorescentes, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, como de uma escala de cinquenta para um, transformando o real em hiper-real.

A importância de Max Horkheimer e Theodor Adorno, famosos filósofos e sociólogos alemães, é de extrema relevância para o Pop Art. Juntos, nos anos 20, cunharam o termo “indústria cultural”, fundamental para um debate que estava por vir: a oposição entre a alta cultura e a baixa cultura. Ambos acreditam que o consumo em excesso era uma forte característica do século XX e consequentemente da “sociedade de massa”, e que ao nomear a cultura, já se estabelecia um rebaixamento de nível. A cena artística exige cada vez mais a incorporação de histórias em quadrinhos, da publicidade, das imagens televisivas e do cinema na cultura de massa, cultura pop. Ganha vida a Pop Art, criada na Inglaterra e previamente intitulado de Independent Group (ou Grupo Independente, em tradução livre). A obra “O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?” é a primeira do movimento a ganhar notoriedade. A obra é assinada por Richard Hamilton, pintor britânico, que se junta a Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake entre os principais expoentes britânicos do movimento. Os artistas se beneficiam inicialmente das mudanças tecnológicas que acontecem ao redor do mundo. O leque de possibilidades e formas de trabalho no Pop-art é infinitamente maior quando comparado a outros movimentos antiquados.

O trilho que colocou os Estados Unidos na linha do trem da Pop-Art foi o deslumbramento que a Inglaterra possuía ao olhar para o país americano. Era pós-guerra na terra da rainha e os ingleses vislumbravam prosperidade econômica baseada no “american way of life”. Com isto, dois nomes surgem com força como percussores do movimento na América: Andy Warhol e Roy Lichtenstein. Responsável por criar diversos mitos e imagens marcantes, Warhol contribuiu com a “glamouralização” de ícones da cultura norte-americana como coMarilyn Monroe, Elvis Presley, Liz Taylor e Marlon Brando. Também são de sua autoria embalagens eternizadas e para sempre guardadas em nossa lembrança mo referências principais do pop arte, entre elas, os rótulos das garrafas de Coca-cola e os rótulos das latas de sopa Campbell.

Já o também nova-iorquino Roy Lichtenstein contribui para a Pop Art valorizando os clichês das histórias em quadrinhos em forma de arte, inserido dentro de um movimento que buscava criticar a cultura de massa, tornando-a objeto da arte. O consumo em excesso gerava a desvalorização de conteúdo e conseqüente “vazio”, em estruturas que não comportavam qualquer mensagem, além do próprio consumismo desenfreado. Talvez seja esta a maior contribuição deste período: a tentativa de desmistificar o valor do produto, a necessidade de sua existência e seu significado enquanto valor de consumo na cultura pop. Seu interesse pelas histórias em quadrinhos começa com uma pintura do ícone Mickey Mouse, – personagem criado por Walter Disney -, realizado em 1960 para o agrado dos filhos. Seus quadros feitos a óleo e tinta acrílica, em tons fortes, brilhantes, planos, delineados por um traço negro, reproduziam os procedimentos gráficos com fidelidade, ampliando as características dos cartoons.

Técnicas de pontilhismo simulavam pontos reticulados das pequenas histórias, sempre de grande impacto visual, resultando na linguagem uma combinação de arte comercial e abstração. Quadros que reproduzem uma reflexão sobre linguagem e formas artísticas, desvinculados do contexto de uma história, tornam símbolos ambíguos do mundo moderno, industrializado. Assim como qualquer outra manifestação artística, dependente dos olhos de quem a vê, interpreta e utiliza para si como conceito, não se pode tentar dar sentido a qualquer forma de expressão, mas pode-se, ainda assim, identificar suas origens e objetivos, enquanto existentes, como descrito nas letras anteriores deste. Deste Duchamp, artista que criava pinturas de inspiração impressionista, expressionista e cubista, criador do “readymade” – transporte de elemento da vida cotidiano, a princípio não reconhecido como artístico, para o campo das artes – a expressão passa a incorporar materiais de uso comum às suas esculturas, não as trabalhando artisticamente, mas considerando prontas a serem exibidas como obra de arte. A simples mudança de um vaso sanitário de posição causa uma interrogação acerca de suas possibilidades enquanto arte e questionamento. O Pop Art revê estes conceitos, mesmo não ligados inerentemente, pois Duchamp explora, ao abandonar a Europa para viver em Nova York, questões da utilização e desconfiança sobre os objetos a serem vistos sobre outro ângulo, também tomando como partida o sentido de quem vê e toma para si as dúvidas artísticas: “Eu mesmo poderia fazer aquilo”, é um pensamento comum. Mas entre o fazer e o que há necessidade de ser mostrado, passam interrogações tanto nos movimentos anteriores, como no Pop Art de Lichtenstein. Algumas décadas depois, a obra do pintor não só continua relevante, mas serve como referência para outros movimentos e artistas – não necessariamente ligados ao Pop Art. Entre os anos de 1997 e 1998, a banda irlandesa U2 fez um tour mundial para promover, na época, seu último trabalho: o álbum “Pop”. O nome do tour em questão era “PopMart”.

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